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"...a estrada continua sendo a válvula de escape perfeita e a vontade a vilã mais famosa. Perdi o sono, o juízo, o silêncio, a hora e também as chaves. Vou indo, em algum meio tempo, catalisar outros sentidos."





terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Superstição, há quem não vive sem.


Dizem que realizar os desejos é simples. É só ir a uma fonte, fazer um pedido e atirar uma moedinha na água. Para quem quer casar, minha vó dá a dica. Basta comer um pedaço do bolo de Santo Antônio no dia 13 de junho ou pegar o buquê da noiva, e pronto! Aliança na certa. Para espantar visita, uma vassoura atrás da porta. Mas, para que ela volte, é o dono da casa quem deve abrir a maçaneta quando ela for embora. E, se uma joaninha pousar no seu ombro, agradeça! É o seu dia de estrela!
Eu desconheço qualquer descendência desses rituais ou sua nacionalidade. Não seguem lógicas, idades ou limites. Desde que o mundo é mundo, quando o homem olhou para a vida e achou que podia controlá-la, convivemos com as superstições. De um jeito inexplicável, esses pequenos hábitos organizam os fatos dos dias, devolvendo a eles o seu mistério. Eu me lembro das reuniões em família, sempre tem uma pontinha dessa tal superstição. “Desvire esse sapato menina, sua mãe pode morrer!” O quê, os calçados virados para baixo causam morte?
“Cuidado com esse espelho, muito cuidado, nesse caso 7 anos é muito tempo”. E quando um talher caía no chão. Se fosse uma faca, era um homem bravo que entraria pela porta. Uma colher, seria uma mulher faladeira. E se cair um garfo? Perguntávamos olhando para fora, espiando qual o tipo de pessoa que deveria estar virando a esquina. E, como para o garfo não havia nada previsto, inventávamos: vai chegar uma criança de cabelo espetado! Um menino magrelo, banguelo e ruivo! E quer saber?  Nunca chegava...
Esse olhar ilusionista para as coisas foi moldando, lentamente, o modo de enxergar a vida. É como se cada um desses gestos guardasse um segredo, uma possibilidade de trazer algo maravilhoso, inesperado e mágico.
De repente, encontro alguém afugentando do mesmo gato preto em um sorriso cúmplice e desviando-se da escada. Ou buscando o prato de lentilhas, no dia de réveillon. Sete lentilhas ou sete uvas? Na praia, pulando ondinhas no dia 31 de dezembro, é como se todas aquelas pessoas vestidas de branco ao meu redor fossem velhas conhecidas. Amigos que, como eu, estão pedindo amor e felicidade no meio do mar, perdendo as contas das ondas, apoiando-se uns nos outros, entre taças e risadas. Pedindo muita grana com o amarelo, no meu caso, eu vou de vermelho.
Se funciona ou não, não importa. Há quem faça, há quem recrimine e o mercado adora e fatura!
Acho melhor fazer, senão, pode dar um azar... ou melhor, má sorte, que só de ouvir essa palavra bato três vezes na madeira, para afastar mau-olhado. Sai zica e por favor São Longuinho, ache minhas estrelas, e ganharás mais que 3 pulinhos.

Beijo fado e tchau azar.
Sorte no jogo e no amor também!

AMANDA

4 comentários:

  1. Izabel Martin dos Santos28 de fevereiro de 2012 às 21:49

    Ouvi ainda pequena de uma velha senhora escrava alforriada, Don'Ana, e nunca mais me esqueci, nunca varra a casa depois que o marido voltar do trabalho, isso o afugentará, eu não gosto de arriscar....
    Quando chove no dia do casamento ele será muito feliz..., no meu não caiu uma gota, fez um calor .... sábado 25/02 completamos 34 anos de casados.
    E costumo guardar tudo que me dão, no dia 1º do ano, para que eu tenha boa sorte, e, acompanhada de minhas amigas mostro até o bum-bum pra lua.
    Mas sempre que me perguntam, eu digo que não sou supersticiosa, pode???

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    1. São tantas histórias, verídicas ou não, é melhor não arriscarmos... faço tantas coisas, mas tbm não sou supersticiosa... rsrs!
      Obrigada pelo prestigio aqui no blog... bjos!

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  2. eu não fiz nenhum ritual para conhecer você, foi destino ou sorte mesmo. será que eu preciso fazer alguma amarração pra gente se ver logo? rsrsrsrs brincadeira... mas acredite, to com saudade do seu sorriso e de outras coisas tbm... me conta uma piada?? hehehehe - H.

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  3. Dimais o texto, mui mui mui lindo...
    Tudo o que vc escreve é tudo que eu queria escrever, parabéns.

    Continue escrevendo, adoro ler seus textos.

    Beijoss
    t+.

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